terça-feira, 10 de agosto de 2010


Se olharam, como se fosse a última vez.
Se abraçaram, num intervalo de tempo que parecia não ter fim.
Suspiraram... Por lembrar que tinham somente aquele instante, que nada e ninguém poderia separá-los.
É assim, assim sentiam-se, sonhavam, pautando-se no que podiam sentir naquele instante. Nada para além daquele instante.
Sem cobranças, sem expectativas, sem pensar no que está por vir. Porque isto pode vir, ou não.
Se não vier, não iremos sofrer. Sofrer por algo que não chegou.
O tempo está curto pra pensar na poesia do dia a dia. Conquistar diariamente, é algo que está delicado de compreender. Conquistar a si mesmo tem sido algo raro. Buscamos conquistar os outros.
Uma pausa reflexiva pro nosso amor. Uma pausa para nós.
Um segundo de atenção para aquilo que sentimos. Atenção para os nossos sorrisos, para a nossa liberdade. Atenção para as nossas lutas, que nos motivam e levam em frente quando percebemos que temos um ao outro.
Atenção, escuta, espera, pelo instante de tempo em que estaremos juntos. Instante, este, que sempre foi dotado de uma capacidade de parar o mundo. Tudo, todos.
Instante que nos pertence, que podemos controlar.
Se olharam como se fosse para sempre. Aquele sempre que até pode acabar, mas terá vivido o suficiente para ser eterno. Em nossos corações.
Um amor como esse não é pra qualquer um. Pensavam.
Nosso amor é algo raro. Deve ser sentido, deve ser vivido.
Pensavam que se completavam: naquelas mãos dadas, sorrisos, gargalhadas. Porque esperar mais? Temos tudo, aqui. Temos um ao outro.
Toda esta certeza, completude, toda esta ausência de percepção no tempo. Lembranças, risos e memórias. Me fazem ver o quanto vale a pena.
O quanto este querer tanto te faz o meu trampolim, trampolim para pular mais alto, sob aqueles desafios que param diante de mim. Posso pulá-los, posso chegar ao outro lado e ver você, te abraçar, te sentir. Sentir comigo. Posso ter você aqui, comigo.
E vá, mas se quiser, volte. Se necessitar e tuas palavras sentirem a ausência das minhas, volte.
Se teu coração bater devagar, porque está longe do meu, volte.
Se sentires que tuas pernas querem caminhar de encontro às minhas, volte.
Se perceberes que falta algo, são os nossos corações que estão incompletos. A ausência, o silêncio de lembranças no escuro, tornam vazio um coração suplicante por ver-te, sentir-te.
A ausência sonora de tua voz, o não ter teu cheiro, teus sorrisos, tuas palavras, fazem ver que meu coração se tornou um berço de onde se aproximam nossos sonhos e dormem, dormem... dormem nossos vivos e dispostos encontros com a realidade. Esta, que me faz perceber, que com você caminho por lugares abertos, vivos, limpos. De coração limpo, que parece não existir.
E, se existir, vive pra me completar. Pra me fazer pertencer a este mundo, a mim mesma, com este sentimento de que não poderia ser de outra maneira. Deveríamos ser assim, nos encontrar, ter um ao outro. Sorrimos, por saber que temos tudo aqui mesmo. Que a felicidade está aqui, e nada poderá fazer com que seja diferente. Nada poderá conter tudo isso, não há força suficiente para vencer este amor, este encontro, esse viver. Apaixonado, vivo, belo, indescritível.
Nosso. Só nosso.